"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas não faz mais do que existir. A verdadeira função do homem é viver, não existir". (Oscar Wilde)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Quando a escola é de vidro - Por Fabiane Leal (baseado no texto de Ruth Rocha).


As escolas, e nós educadores, carregam consigo o poder de fazer com que nossos alunos expandam suas potencialidades e desenvolvam suas capacidades ou simplesmente deixá-las de lado, desconsiderando-as.
Vivemos, atualmente, num “admirável mundo louco”, no qual sociedade, escolas, pais e professores fazem questão (ainda que inconscientemente) de manter seus filhos, alunos e cidadãos numa verdadeira bolha de vidro, cerceando qualquer centelha de autenticidade e potencialização das capacidades individuais, que, por sua vez, irão proporcionar o amadurecimento da construção da identidade e autonomia do indivíduo.
De acordo com as convenções sociais estabelecemos regras, limites, demarcações, fronteiras e padrões que atendam a estas convenções sendo que qualquer expressão dissonante destas fronteiras demarcadas como adequadas é tida como um desvio de comportamento e, portanto, fora das regras estabelecidas. O interessante é que na maioria das vezes não percebemos como as circunstâncias podem ser diferentes e na chance que temos de fazer novas e diferentes escolhas, ainda que elas não respeitem as regras das limitações pré-estabelecidas. Por conta disso, não percebemos que as coisas podem ser bem diferentes da forma como nos são apresentadas.
Condizente com esta realidade, as escolas acabam oferecendo aos nossos educandos uma educação castradora, onde nossos filhos são postos em pequenas redomas de vidro, sem que possam se exprimir e serem quem são. Se crescemos sem saber o que é liberdade e o que ela representa para nós, jamais saberemos utilizá-la. O problema é que nós educadores crescemos nesta redoma de vidro. Nossos professores (salvo raras exceções) nos ensinaram que devemos sempre obedecer às regras, ainda que elas sejam desconhecidas e estranhas a nós. Se a ordem é ficar sentado, ouvindo o professor falar e concordar com tudo o que ele diz, então assim o fazemos. Não nos ensinaram a refletir, a expressar a originalidade dos nossos pensamentos, das nossas ideias, dos nossos sentimentos e mais profundos anseios. Jamais fizeram questão que empregássemos a nossa identidade e a nossa autonomia. Como, então, ensinar o sabor da liberdade aos nossos educandos? Como fazer com que eles próprios sejam descobridores dos seus limites (que não serão impostos por nós, muito menos ditados por outros), como torná-los autores dos seus aprendizados e conquistas?
Deixar para trás velhos hábitos e costumes e sair da nossa estúpida zona de conforto é algo que deve ser enfrentado por nós educadores caso não queiramos repetir os mesmo equívocos dos nossos predecessores. Mas para que isso se torne possível é preciso tirar as vendas dos olhos e estar atento à elucidação dos fatos e da realidade, além de se questionar, sempre: - a que propósito estou servindo? Qual o meu papel nisso tudo? E o que posso fazer para mudar, ainda que isso não seja confortável?

Uma análise crítica da obra fílmica SHREK.


Literatura: novas possibilidades de construção.
Por Fabiane Leal e Vera Santos

Literatura é poesia e poesia nada mais é do que a expressão dos sentimentos. Assim como, é capaz de transformar as pessoas que se sensibilizem com o seu toque, com as suas impressões. Ela é tida como uma das artes que possibilitam a transcendência da realidade visto que através dela o ser humano é levado a fazer reflexões acerca de si mesmo e do mundo a sua volta. Seu universo é recheado de possibilidades e de criatividades, já que a leitura e a escrita abrem caminhos para novas histórias serem escritas, contadas e vivenciadas. Assim como foi percebida no filme a inusitada abordagem feita pelo autor do filme Shrek na sua reconstrução de personagens já estigmatizados na Literatura, proporcionando um novo olhar diante da realidade, pois Literatura é vida e a vida se revela na Literatura.
Personagens clássicos, com representações distintas do habitual acompanhado por gerações na literatura clássica, compõem o filme. Delicadeza e finura estética fazem parte do estereótipo da princesa dos contos de fada, contudo não é o que se observa na personagem de Fiona, que traz consigo uma desenvoltura externa diferente da princesa convencional, principalmente ao arrotar e, num outro momento, ao lutar diretamente com o Hobin Hood e seus amigos. A ação de lutar está associada à figura masculina por exigir força e destreza, características associadas ao homem. O personagem feminino salvar o masculino é algo inusitado, uma vez que o mais comum de acontecer é o contrário, contudo, é o que acontece no filme.
Nos dias atuais Fiona representa uma nova mulher, com nova força para atender às novas exigências do mundo moderno, onde tem que lutar diariamente. É a mulher requisitando o seu espaço na sociedade e lutando por ele, mostrando que é possível. Mas, percebemos, também, no papel de Fiona, assim como no de Shrek, a verdadeira beleza interna de cada um, aquela que trazemos conosco independentemente das nossas aparências e agrados externos. Importa mesmo ser quem somos, assumirmos nossa personalidade independentemente das pressões sociais. Podemos, sim, utilizarmos-nos de algumas máscaras (personas) para socializarmos e enfrentarmos algumas situações diárias, mas o que não deve acontecer é nos tornarmos estas máscaras, deixando de ser o que somos realmente. Fiona é a nossa parte que é o que é independentemente das opiniões alheias. Princesa bem decidida no que quer, não perde tempo para agir de acordo com as suas decisões (ainda que estejam equivocadas).
Como na vida todos são passíveis de transformações nas suas descobertas de si mesmo, o Gato de Botas assim se viu. Mostrando-se mercenário num primeiro momento ao vender seus serviços ao pai de Fiona a fim de aniquilar Shrek, descobriu depois que mais vale uma amizade do que outra coisa. Ido por água a baixo o seu plano de ataque do Shrek e obtido o perdão dele, tornou-se mais um grande fiel companheiro, disponível em lealdade e honra ao querido amigo. Na verdade o Gato sempre teve uma índole boa, vestindo somente uma persona de malvado, o que acabou se desvelando.
É interessante notar que algumas pessoas acabam adotando esta postura de defesa diante da vida, de algumas situações ou pessoas, fazendo-se de duronas, assumindo uma simples máscara distinta daquilo que elas realmente são. Pessoas muito frágeis internamente costumam se proteger da realidade externa desta forma. O problema é que, como já foi dito, acabam se identificando deveras com esta simples persona adotada como mecanismo de defesa e acaba esquecendo sua verdadeira identidade, aquilo que é.
Outro fiel amigo do Shrek é o Burro, que acaba roubando a cena no filme! É ele o condutor de toda a trama, tornando-a interessante e cativante. Era ele quem dava vida a toda a história. Convencionalmente, as pessoas têm estabelecidas em suas mentes a imagem do burro como aquele que nada sabe, desprovido de qualquer valor. Animal de carga e nada veloz, não é visto com grande estima. Contudo, é o seu personagem quem humaniza o filme, caracterizando a intenção de desconstrução, de alguns mitos e personagens, por parte do autor. O burro é o companheiro mais alegre e fiel do Shrek, mostrando-se sempre solidário e fiel ao seu amigo. Com a sua disposição e animação, ele dá dinamismo ao enredo, disposto a seguir Shrek aonde quer que este vá, além de possuir um ótimo bom - humor.
Características como essas contradizem o estereótipo do asno bronco e ignorante, tudo que o Burro não é. O personagem que poderia passar despercebido pelo filme, torna-se o personagem principal, desconstruindo tudo o que se acreditava a respeito desta figura. Quantas pessoas existem à nossa volta, aparentemente sem valor algum e carregam consigo tamanha jóia interna! Pessoas capazes de surpreender, assim como o fantástico burrinho. Personagens do dia a dia que, de maneira sutil ou extraordinária, iluminam o nosso viver com seus entusiasmos, apoio e companheirismos, mostrando-se fiéis ao espírito de lealdade ao que realmente importa na vida: amizade.
E o que dizer da fada-madrinha? Esta sim saiu de encomenda. Nada disposta a fazer o papel de madrinha a que conhecemos, ela somente se interessa pelos seus próprios negócios, além de ser chantagista e preconceituosa. Preocupada em garantir sua “fatia do bolo” do reinado, faz de tudo para que seu filho se case com Fiona, utilizando-se de truques ardilosos para isso.
E, finalmente, o que dizer do querido Shrek. Sim, isso mesmo, querido, pois mesmo sendo um monstro do pântano (Ogro), caiu nas graças da criançada. Um ser perseguido pelos moradores dos seus arredores por conta da sua “monstruosidade”, o que faz com ele queira ficar afastado das pessoas, indo viver isoladamente no pântano. Sua intenção é sempre manter as pessoas afastadas de si mesmo, pois acabou achando que ogros não são seres socializáveis já que as pessoas olham para ele e, segundo ele próprio, dizem: Ah, socorro! Um ogro horrível! Desta maneira ele prefere ficar sozinho, já que as pessoas o julgam sem o conhecerem.
Ele sabe que as aparências enganam e nem sempre querem dizer muita coisa, o que fica claro na sua fala quando diz ao burro que “às vezes as coisas são mais do que parece”. Contudo, na sua relação com o Burro as diferenças acabam por serem ignoradas. A monstruosidade cedeu lugar ao belo. Shrek é um ogro com bons sentimentos no coração, apesar da sua tentativa em afastar as pessoas dele mesmo. Isso surpreende. Como pode um Ogro ser um puro de coração? As aparências realmente enganam e nem demonstram o que parece ser. Todavia, o que mais fazemos é julgar e rotular com base nas aparências, sem nos preocuparmos em aprofundar nossos olhares em relação às coisas, às pessoas e à vida.
Como o próprio Shrek diz “as pessoas são como cebolas, possuidoras de camadas”, mas na correria do dia a dia as pessoas não tem mais tempo para se aprofundar nas suas relações com os outros. Perdemos valiosas oportunidades de construir belas e valiosíssimas amizades por preguiça em buscar conhecer melhor as pessoas. O ser humano, que está deixando de ser humano, tornou-se superficial nos seus contatos com outros. E, infelizmente, só tem a perder com isso. A vida é relacionamento e quando deixamos de fazê-lo, perdemos, gradativamente, o contato com nós mesmos. O ser humano se constrói nas suas relações mais profundas consigo, com o outro e com o mundo.
Estando superficiais em suas relações e cada vez mais individualistas, as pessoas se tornam egoístas e preocupadas em seus próprios interesses, muitas vezes desqualificando os outros, como no caso do Príncipe Encantado, que como tal nada se assemelha aos príncipes dos contos clássicos. Possuidor de um caráter fraco e duvidoso, age somente conforme seus interesses. Nada apresenta de semelhante com os nobres cavalheiros, possuidores de grande honra e virtudes. Muito parecido com seu pretenso sogro, o Rei (pai de Fiona), que se apresenta falso, inflexível e preconceituoso ao não permitir que um Ogro case com sua filha.
O filme em seu contexto geral não só encanta como também surpreende por apresentar como personagens principais figuras que fogem aos padrões estéticos estabelecidos pela sociedade, onde o mocinho se apresenta como um ogro tendo como seu companheiro um burro falante e a princesa final assume a forma de um ogro. Vale notar, ainda, que durante a obra percebemos práticas discursivas a respeito da mulher e principalmente da beleza, sendo abordado inclusive a beleza interior. Somos levados a apreciar e aceitar novos e diferentes padrões, distintos dos quais estamos equivocadamente acostumados.
Como educadores, devemos estar atentos aos discursos subjetivos nos filmes infantis, pois estas representações auxiliam na constituição das identidades e subjetividades das crianças.

Produzido em 16/10/2009

Como ensinar o prazer de ler - Por Rubem Alves


Rubem Alves (colunista da Folha de S.Paulo)

Não se pode ensinar as delícias do amor com aulas de anatomia e fisiologia dos órgãos sexuais. Se assim fosse, o livro "Cântico dos Cânticos", que está na Bíblia, nunca teria sido escrito. Não se pode ensinar o prazer da leitura com aulas sobre as ciências da linguagem. O conhecimento da gramática e das ciências da interpretação não faz poetas. Noel Rosa sabia disso e cantou: "Samba não se aprende no colégio...".
Marcelo Zocchio

Tomei o livro de poemas de Robert Frost e li um dos seus mais famosos poemas. "Os bosques são belos, sombrios, fundos. Mas há muitas milhas a andar e muitas promessas a guardar antes de poder dormir. Sim, antes de poder dormir."Li vagarosamente. Porque cada poema tem um andamento que lhe é próprio. Como na música. Se o primeiro movimento da "Sonata ao Luar", de Beethoven, que todos já ouviram e desejam ouvir de novo, "adagio sostenuto", fosse tocado —exatamente as mesmas notas!— como "presto", rapidamente a sua beleza se iria. Ficaria ridículo. Porque o "presto" é incompatível com aquilo que o primeiro movimento está dizendo. O tempo de uma peça musical pertence à sua própria essência.

Já sugeri que os escritores deveriam imitar os compositores, que, como medida protetora da beleza, colocam, ao início de uma peça, uma informação sobre o tempo em que ela deve ser tocada: grave, andante, "vivace", "maestoso", alegro. Cada texto literário tem também o seu próprio tempo.
Há textos que devem ser lidos ao ritmo de uma criança pulando corda e dando risadas. Como o poema "Leilão de Jardim", de Cecília Meireles: "Quem me compra um jardim com flores? Borboletas de muitas cores, lavadeiras e passarinhos, ovos verdes e azuis nos ninhos?". O poema inteiro é marcado por essa alegria infantil, saltitante. Quando se passa para a sua "Elegia", escrita para a sua avó morta, o clima é outro. Há uma tristeza profunda. Há de se ler lentamente, com sofrimento: "Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos. Tive medo de a enxugar: para não saberes que tinha caído".Li vagarosamente. O poema pede para ser lido vagarosamente. Terminada a leitura, não me atrevi a dizer nada. É preciso que haja silêncio. A música só existe sobre um fundo de silêncio. É no silêncio que a beleza coloca os seus ovos. É no silêncio que as palavras são chocadas. É no silêncio que se ouve aquela outra voz mencionada por Fernando Pessoa, voz habitante dos interstícios das palavras do poeta.
(Por isso fico profundamente irritado quando alguém fala enquanto a música é tocada. É como se estivesse a ver uma partida de futebol enquanto faz amor...)Passados alguns momentos de silêncio (como o silêncio que existe entre os dois movimentos de uma sonata), pus-me a ler o mesmo poema de novo, com a mesma música. E aí, então, no silêncio que se seguiu à segunda leitura, ouvi um soluço no fundo da sala. Uma jovem chorava. Jamais me passaria pela cabeça que ela estivesse chorando por causa do poema. Embora ele me comova muito, minha comoção nunca chegou ao choro. Pensei que se tratasse de um sofrimento de sua vida privada. Diante de um soluço, tudo pára. Agora, o que importava não era o poema, era aquele soluço."O que aconteceu?", perguntei. "Não sei, professor. Esse poema me deu uma tristeza imensa." Eu quis entender: "Mas o que, no poema, lhe deu tristeza?". "Não sei, professor. Só sei que esse poema me faz chorar..." Lembrei-me de Fernando Pessoa: "E a melodia que não havia, se agora a lembro, faz-me chorar". Grande mistério, esse: o que não há e que provoca o choro.
Como disse Paul Valéry, vivemos pelo poder das coisas que não existem. Por isso, os deuses são tão poderosos... (Essa jovem, que assim me marcou de forma inesquecível, pouco tempo depois morreu num desastre de carro. Espero que ela, no outro mundo, tenha visitado os bosques "belos, sombrios e fundos" de Robert Frost.)Houve beleza e mistério porque eu não me meti a interpretar o poema. E, no entanto, a interpretação de textos parece ser uma das obsessões dos programas escolares. Se o meu propósito fosse interpretar o poema de Frost, para aproveitar o tempo, eu o teria lido um pouco mais depressa, teria desprezado o silêncio e não teria repetido a leitura.Essas coisas nada têm a ver com a interpretação. A interpretação acontece a partir daquilo que está escrito —se devagar ou depressa, não importa. Minha primeira pergunta teria sido: "O que é que Robert Frost queria dizer?".Toda interpretação começa com essa pergunta. É a pergunta que surge numa zona de obscuridade: há sombras no texto. O intérprete é um ser luminoso. Não suporta sombras. Ele traz suas lanternas, suas idéias claras e distintas, e trata de iluminar os bosques sombrios... Não percebe que, ao tentar iluminar os bosques, dele fogem as criaturas encantadas que habitam as sombras. Esquecem-se do que disse Gaston Bachelard: "Parece que existem em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxuleante...". O inconsciente é um bosque sombrio... (Continuamos a conversa mês que vem...)Rubem Alves, 70, é educador e escritor, autor de "Quando Eu Era Menino" (Papirus), "Lições de Feitiçaria" (Loyola), "Pai Nosso" (Paulus) e "Ao Professor com Meu Carinho" (Verus), entre outros. Atualmente, dedica-se às releituras de "Zorba, o Grego", de Nikos Kazantzakis, "Cem Anos de Solidão", de Gabriel Garcia Márquez, e "Grande Sertão: Veredas", de João Guimarães Rosa.
Site: http://www.rubemalves.com.br/

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Uma experiência marcante na minha formação...





Voltar a ser criança?


Experimentar novas sensações?

Encarar desafios?


Sentir o prazer da pura diversão?


Curtir maravilhosos momentos de (re)descobertas ao lado de pessoas amigas?


TUDO ISSO E MAIS UM POUCO!!! (Risos)




Sem sombras de dúvida que, hoje, a minha manhã, foi simplesmente
M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!!

Nem sempre é fácil chegar aonde se deseja, mas... Quando queremos muito uma coisa e nos dispomos a alcançá-la, chegamos lá, não é mesmo?!

Hoje mais cedo tivemos o maravilhoso prazer em conhecer o tão esperado for the children museu (O Museu do Brinquedo para crianças, aqui em Salvador).

Sua criadora (Susan Murray) nos recebeu muito gentilmente para que pudéssemos conhecer o Espaço. Daí por diante foi só alegria!! (risos)
Um espaço inteiramente atrativo, onde as pessoas (principalmente as crianças, pois o museu é destinado a elas) podem interagir com tudo!! Curiosidades do mundo natural, Leis da física, Miniaturas interessantes, engenhocas... Tem de tudo e mais um pouco.
O que mais me surpreendeu foram as possibilidades de coisas fantásticas que podemos criar com materiais e coisas tão simples! Ou seja, mais vale uma ótima ideia e poucos recursos materiais do que material à vontade e nenhuma boa ideia. Susan provou a capacidade criativa e lúdica dos seres humanos! Como podemos ser criativos com tão pouco! Coisas simples se tornam ótimos brinquedos para a vivência das crianças.
Quem diria que estaríamos dentro de uma super bolha de sabão, não é mesmo?! Acredito que muita "gente grande" realizou alguns dos seus sonhos indo ao Museu! (risos)
A receita é a seguinte: Um pneu de caminhão cortado ao meio, água e detergente, põe um bambolê e... Está pronto!! Pode chamar o seu amigo para viajar num portal mágico feito de Bolha de sabão!! É delicioso! Acreditem! E quem não experimentou, tem que experimentar!
Fez parte da nossa aventura escalar uma Super teia de aranha, acreditem! (risos) Ainda bem que a dona dela não estava lá no momento, já pensou? Pelo que parece, ninguém caiu nas garras da D. aranha..rs
Foi preciso força... Aliás... Muita gente "enferrujada", hein? rsrs
Depois de enfrentar um desafio desses, experimentamos uma cama super gostosa. Uma espécie de cama d'água... É relaxamento na certa! Aprovação total da galera!
Quem nunca quis experimentar rolar num carretel que nem ratinhos de laboratório, hein?!rsrs
Pois é... Até isso tivemos por lá! E eu, é claro, não resisti nem um pouco!!
E ainda espero voltar lá e repetir a dose com o meu mais novo amigo Lucas, hein!
Ah!! Esqueci de falar dos deliciosos biscoitos em formato de dinossauro!! Simplesmente maradelícia (maravilha + delícia)!! Sem falar nas nossas peripécias numa das árvores do quintal (hein, Lucas!). De repente nos tornamos um bando de macaquinhos felizes! (risos)
Formas geométricas para as crianças criarem ao sabor da imaginação... Diversas possibilidades de se fazer bolhas de sabão... Fósseis de dinossauros por toda parte aguçam a curiosidade de alguns... Brinquedos para colaborar no desenvolvimento da coordenação motora fina das crianças... Espaço para contação de histórias... Alguns jabutis no quintal... Enfim... Como já disse, de tudo um pouco. Com muitas cores, criatividade, ludicidade, artes... Ficou provada a capacidade de criatividade do ser humano e do quanto podemos fazer para proporcionar “ricas” vivências às nossas crianças.


É engraçado como experiências aparentemente tão simples e bobas podem nos fazer enfrentar um estado de reflexão...
Nas experiências vividas hoje no Museu, na companhia de pessoas lindas, pude me dar conta de muitas coisas.
Estar pleno e consciente naquilo que estamos vivendo no momento nos possibilita tamanha reflexão depois do vivido. Chego à conclusão de que só posso pensar sobre aquilo que foi vivido por mim porque, de fato, passei pela experiência estando consciente dela. Caso contrário, isso não seria possível agora. Ainda que a reflexão não seja feita no momento mesmo da vivência em si, por ter sido plena posso fazer as devidas reflexões depois. Acontece até deu nem estar buscando pensar sobre a situação, mas... Como a vivência foi intensa, algumas reflexões, ou até mesmo algumas idéias, acabam surgindo depois do ocorrido. É uma espécie de insight, entende? Justamente porque a experiência foi forte o suficiente para “mexer” comigo. De certa forma, pode-se, então, dizer que quando uma experiência é plenamente vivida, inevitavelmente ela trará consigo algumas reflexões, podendo causar alguma espécie de mudança em nós... (sei lá... Os pensamentos vão surgindo..rs)



Mas, voltando às coisas das quais me dei conta hoje...
Pude perceber que em cada mínima ação nossa é preciso força, coragem, desprendimento, iniciativa de movimento, lançar fora os possíveis receios e medos do novo, da incerteza... Não devemos desistir diante da possibilidade de não conseguirmos realizar uma ação ou não vencer o que para nós representa um desafio. Não importa a idade que tenhamos, estaremos sempre tendo que vencer pequenos, médios ou grandes desafios. Viver, de per si, já representa um grande desafio. Existem desafios que são prazerosos de encarar, outros nem tanto... Mas, antes de tudo, é preciso agradecer a oportunidade de enfrentar desafios, afinal, o que seríamos sem eles?
Já reparou no sorriso ou na alegria de uma criança quando consegue realizar algo que já vinha tentando há algum tempo? A satisfação de vencer um desafio e silenciosamente, ou não, provar para si mesmo que é capaz de vencer etapas, é inexplicável. Não sei se estou conseguindo me fazer entender, mas acho que o que estou tentando dizer é que crescemos com os desafios. Estou querendo dizer quão necessários eles são na nossa vida e do sabor que sentimos em superá-los, por mínimo que ele seja. E isso independentemente da idade.
Passar por estágios, conforme nos ensina Piaget, é superar desafios e estar pronto para “subir mais o próximo degrau” da nossa escala de desenvolvimento, e assim sucessivamente.
Neste Museu, as crianças são convidadas às curiosidades, ao prazer, ao jogo, à brincadeira e principalmente (acredito) ao desafio. Ao desafio de se superar, de conhecer o novo e o diferente, ao desafio de se permitir!! Não há quem não goste! (risos). Até os adultos abrem espaço para suas “crianças internas” se deliciarem com algumas das brincadeiras. Quem sabe também é essa a intenção? Deixar claro o lado lúdico das coisas e que os adultos também são pessoas lúdicas! Às vezes, criamos a ideia equivocada de que somente a criança é um ser lúdico, mas sabemos que isso é um erro, não é mesmo?

Continuando na ideia do desafio e fazendo um paralelo com as vivências hoje mais cedo no Museu, ficou nítida para mim a importância que temos uns nas vidas dos outros. Do quanto precisamos uns dos outros. Cada um tem que trilhar seu próprio caminho, o que não quer dizer que não precisemos, vez ou outra, do apoio e da confirmação daqueles que estão à nossa volta. Um olhar... Um gesto... Uma atitude... É preciso estar atento ao nosso redor, pois alguém pode estar precisando do nosso apoio para superar algum desafio. O que parece simples para alguns, pode não ser para outros. E é neste momento que podemos, com muito jeito e amor, mostrar ao outro (que considera a situação um desafio intransponível) uma nova forma de enxergar a situação e revelar que ele pode sim vencer o desafio, basta se predispor para tal, deixando visível que você estará ali (ao seu lado) para apoiá-lo no que for preciso.

Outra boa reflexão foi a respeito da abertura que devemos ter ao novo, ao diferente (e aparentemente estranho), às mudanças... Enfim.. É preciso estar de braços abertos para a VIDA, que sempre em movimento nos reserva maravilhosas surpresas! Assim como a criança está sempre disposta a correr, a conhecer, a experimentar, investigar, devemos estar abertos ao momento e buscar viver intensamente o que a situação nos proporciona. Seria, talvez, sair da tal rotina que nos engessa e não nos permite viver algo fora do que já determinamos como padrão em nossas vidas. Não devemos nunca nos fechar, mas sim estarmos cada vez mais abertos às aventuras da vida!!


E por falar em aventura, quero agradecer a todos que desta participaram.
Primeiramente, ao nosso Criador Maior que nos enriquece sempre com a Sua Divina Graça! À Susan, por tamanha coragem em dar vida a um projeto tão maravilhoso e criativo. Precisamos de mais pessoas assim! Às meninas da faculdade, que muito corajosamente brincaram!! (risos) Foi divertido, não foi?! Parabéns pela entrega aos sabores do momento e da aventura! Afinal... Não é sempre que nos “desarmamos” e simplesmente brincamos que nem crianças. Agradeço à professora Fernanda, que muito deliciosamente tem conduzido as disciplinas de Arte-Educação e Ludologia. Tem sido fundamental sentir na pele a importância do Lúdico e da Arte na Educação. Compreender que somos lúdicos por natureza, mas que às vezes nos esquecemos disso e corremos o risco de nos tornarmos adultos sérios demais, tem sido extremamente relevante! Estamos entendendo verdadeiramente que aprender tem que ser prazeroso. É o que nossa pró Silvana nos ensina como o “Sabor do Saber”! Não posso ensinar a ver o lúdico das coisas, das situações, se não reconheço em mim e por mim mesmo o Lúdico. Como posso ensinar o caminho se nem mesmo o trilhei? Ainda como Silvana nos ensinou, se queremos que nosso aluno se apaixone pela leitura, temos que nos apaixonarmos primeiro. Não posso entender a importância do Brincar para a criança se nem mesmo consigo brincar. Tudo isso que digo pode parecer simples e até muito bobo. Mas acreditem, tem sido de total relevância na nossa formação. Teoria deve estar sempre atrelada à prática e vice-versa. Agradeço ao meu mais novo amigo Lucas pela oportunidade da brincadeira com alguém tão especial e corajoso! Se eu pudesse, daria a você uma super árvore de presente! Aproveito a oportunidade para agradecer às (aos) outras (os) professoras (es) deste e dos outros semestres, sem às quais também não teríamos construído tamanho aprendizado. Acreditem: tem sido muito bom e extremamente enriquecedor aprender com vocês. Já não somos mais as mesmas que entraram no primeiro semestre e esperamos aprender ainda mais no decorrer desta nossa jornada ao final do curso e sempre! Afinal, a vida é constante aprendizado e não podemos parar nunca! E, por fim, agradeço a mim também! Por tamanha desenvoltura e coragem de se entregar ao momento e às experiências vividas no Museu. Para mim, é fácil ser criança. Difícil mesmo é ser adulto.. Risos.. Mas, juro! Estou crescendo... (risos). Sem palavras para descrever a deliciosa sensação das brincadeiras... Subir na teia de aranha, rolar no carretel, fazer bolhas de sabão, montar formas, pendurar-me numa árvore que nem macaquinho, comer “cookies” em formato de dinossauro (ainda quero aprender esta receita, Susan!), menear num balanço, refastelar-me (acabo de descobrir que este verbo não está no Aurélio – risos) numa cama d’água admirando um belo céu azul.... Ufa.. Quanta coisa...!!

No mais... Desculpem qualquer coisa ou até mesmo algum equívoco na escrita. Fiz questão de deixar registrado (ainda que informalmente) um momento que considerei importante. E achei que deveria compartilhar com aqueles que, de alguma forma, estão envolvidos nisso. Claro que nem tudo está aqui. Alguns detalhes podem ter passado despercebidos.
Vale lembrar que todas as considerações aqui feitas são pessoais e cabem nas reflexões acerca da Educação: abertura ao novo, ao diferente... Desafios... Importância que assumimos na vida de outras pessoas... Ludicidade... Arte... Brincar... Mudanças... O olhar... Auto-confiança...
Em alguns momentos tive exemplos claros do que aprendemos na disciplina de Psicomotricidade a respeito do Esquema e da Imagem Corporal
.





Beijos coloridos e brincantes com aroma de jasmim,


Fabiane Leal (extremamente feliz no dia de hoje e sem receio de se revelar)
13/06/2009



Link do Museu para quem desejar dar uma olhada:
http://www.forthechildrenmuseu.org/index2.html